A relação que transforma...

por que integro a FAP no meu trabalho clínico?

Sara Kleinschmitt

8/19/20252 min read

Mesmo em espaços seguros a gente repete velhos padrões. Se fecha, tenta agradar, se desculpa demais, evita se mostrar de verdade, ficamos reativos… Pois é. Isso não acontece só “lá fora”. Acontece também na relação terapêutica. E, acredite, isso é bom; você vai entender.

A Psicoterapia Analítico-Funcional (FAP) é uma abordagem que acredita no poder da relação como ferramenta de mudança. Em vez de focar apenas no que é dito sobre a vida, a FAP presta atenção no que está sendo vivido na vida da sessão, entre terapeuta e paciente. A proposta é trazer luz aos padrões que aparecem ali, no momento presente, e trabalhar diretamente com eles.

Desafiador e potente!

Na prática, a FAP se organiza em cinco princípios que guiam o trabalho clínico e que também funcionam como um jeito útil de enxergar a aliança entre terapeuta e paciente como um espaço terapêutico:

  • Notar o que a pessoa faz na sessão e que está ligado aos sofrimentos que trouxeram ela para psicoterapia e às suas necessidades de mudança.

  • Criar, com sensibilidade, condições para que esses padrões apareçam na sessão de forma natural e segura.

  • Fortalecer os comportamentos que conversam com os objetivos terapêuticos, ou seja, aqueles que irão aproximar a pessoa daquilo que ela deseja viver na sua vida.

  • Observar o efeito, avaliando se as mudanças ocorrem como o esperado.

  • Ajudar a pessoa a levar esses aprendizados para seus outros vínculos e contextos.

Pode parecer pragmático, mas no fundo é profundamente humano: usar o encontro real entre duas pessoas como espaço de transformação.

E, sim, como você pode imaginar, isso pode ser desconfortável para ambos os lados da dupla terapêutica. Porque mexe em vergonhas antigas, medos de rejeição, toca em feridas de pertencimento. Esses desconfortos não são, necessariamente, sinal de erro. Pelo contrário: muitas vezes, são o sinal de que estamos chegando perto do que realmente importa.

Eu escolho integrar a FAP ao meu trabalho porque acredito no poder da relação terapêutica para fazer mudanças. Esse é um contexto único, um espaço de segurança pra aprender e integrar um repertório de comportamentos que te faça mais sentido lá fora.

Eu escolho integrar a FAP à minha prática porque acredito profundamente na força da presença, da autenticidade e do vínculo como elementos centrais para a mudança.

A FAP me convida, como terapeuta, a estar inteira na relação, oferecendo não só análise, mas também contato humano significativo. É nesse encontro que muitas novas formas de lidar com o que nos fere começam a se tornar possíveis.